As narrativas em torno do “precioso líquido”:
água, seca e poder no Ceará e em Santiago del Estero nos anos de 1930
DOI:
https://doi.org/10.46752/anphlac.36.2023.4150Palavras-chave:
água, narrativa, semiáridosResumo
Este artigo visa analisar como foram construídos historicamente certos discursos em torno da questão da água no Ceará (estado pertencente ao Nordeste do Brasil) e em Santiago del Estero (província localizada no Noroeste da Argentina). A ideia central é refletir como em meio as secas de 1932, no semiárido cearense, e de 1937, na província santiagueña, se propagaram narrativas em torno da água nos periódicos de âmbito local A Ordem, de Sobral, no Ceará, e La Hora, de Santiago del Estero. Nesse sentido, partimos da premissa de que as linguagens utilizadas para tratar do tema da água são também fundamentais para o entendimento de reflexões muito mais amplas, que fazem parte das próprias disputas políticas existentes nesses territórios. Assim, esta análise considera os discursos como representações do mundo social para que se possa, a partir da centralidade da narrativa, desnaturalizar certas visões que impuseram à natureza semiárida e ao clima a culpabilidade pela desigualdade social existente nessas regiões.
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