Consumo cultural do pensamento vasconceliano na literatura modernista brasileira: intercâmbios intelectuais na constituição do discurso da raça latino-americana na década de 1920
DOI:
https://doi.org/10.46752/anphlac.025.2018.2954Resumo
O objetivo deste artigo é levantar discussões sobre os intercâmbios culturais entre alguns escritores modernistas brasileiros e José Vasconcelos na década de 1920. Nosso objetivo é destacar a visita do intelectual mexicano ao Brasil durante as comemorações do Centenário de Independência, em 1922, e como a comitiva mexicana deixou suas marcas em parte da intelectualidade brasileira. Para que possamos discutir esses intercâmbios, partiremos da noção de “consumo cultural” e de “outra produção” na obra La raza cósmica: misión de la raza ibero-americana (1925) de José Vasconcelos a partir da leitura de artigo de jornais escritos e de obras literárias de escritores modernistas do Brasil. No que concerne ao “consumo cultural” das teses vasconcelianas no Brasil, lançaremos mão de artigos de jornais escritos por Plínio Salgado e Cassiano Ricardo. Já no que se refere às obras literárias, veremos a possibilidade de uma “outra produção” das ideias elaboradas por José Vasconcelos no poema Toda a América (1926), de Ronald de Carvalho, e no poema Martim Cererê (1927), de Cassiano Ricardo. O artigo em questão se propõe a avaliar a influência do pensamento do mexicano José Vasconcelos em alguns intelectuais modernistas brasileiros, em particular o papel do mestiço e da mestiçagem como emblema da identidade nacional. Nesse sentido, nossa finalidade é demonstrar como ocorreram os intercâmbios entre intelectuais dos dois países bem como a forma com a qual as teses da Raça Cósmica vasconcelianas foram apropriadas pelos escritores brasileiros.
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