Teko Haw Maraka’nà quebrando o asfalto

Raízes da ancestralidade indígena na cidade do Rio de Janeiro

Autores

DOI:

https://doi.org/10.46752/anphlac.40.2025.4262

Palavras-chave:

Aldeia Maraka’nà, conflitos ontológicos, intelectualidade indígena

Resumo

O artigo analisa a história da Teko Haw Maraka’nà, aldeia urbana localizada no antigo prédio do Museu do Índio no Rio de Janeiro, como agente epistêmico e político. As narrativas indígenas evidenciam o território como fronteira viva, atravessada por conflitos ontológicos desde a colonização até o século XXI, refletindo padrões transnacionais de Abya Yala nos quais políticas violentas de assimilação e apropriação territorial se repetiram. Confrontando a lógica moderna de propriedade privada e história única, as ações da intelectualidade indígena (Xakriabá, 2023) da Aldeia exemplificam a (re)existência criativa e epistemológica frente à letalidade branca (Tuxá Cruz, 2021), propondo outros modos de existir. A partir da perspectiva da ontologia política (Blaser, 2022) e do modelo cosmohistórico (Navarrete, 2017), a Aldeia é apresentada como experiência histórica de cuidado com o território urbano, oferecendo alternativas à crise civilizacional e climática da modernidade e ampliando o debate sobre futuros sustentáveis em Abya Yala e além.

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Publicado

2025-12-27

Como Citar

Reis de Macedo, M. (2025). Teko Haw Maraka’nà quebrando o asfalto : Raízes da ancestralidade indígena na cidade do Rio de Janeiro. Revista Eletrônica Da ANPHLAC, 25(40), 236–280. https://doi.org/10.46752/anphlac.40.2025.4262